sexta-feira, agosto 29, 2008

Aposentação


Fim de via ou de vida???
Dentro de semanas completam-se os 47 anos passados desde o dia em que comecei a leccionar. Dou graças a Deus por isso. Obrigado, Senhor! São muitos dias, muitas semanas, muitos meses e, verdade seja dita, muitos anos, mais de 2/3 da minha vida. Foi bom, muito bom, com todas as limitações que esta apreciação possa conter, na forma e no conteúdo. Trinta e quatro anos no ensino público e treze no privado, deram-me oportunidade de conhecer milhares de Crianças e suas Famílias, de conhecer Colegas e Auxiliares irmanados, de mãos dadas, num grande objectivo: formar Cidadãos livres e responsáveis.
Começando lá pela Aldeia que me viu nascer, viajei pelo Mundo e vim aterrar nas margens do Rio Azul e por aqui me fiquei. Até porque, cada vez que mudávamos de terra, nascia-nos um filho e entendemos que quatro eram bastantes. Não que sejam de mais!!! Foi uma vida cheia. Vivi.
Mas agora queria fazer uma pequena reflexão sobre esta chegada à meta. Desde há meses que dei conhecimento ao Senhor Bispo de Setúbal de que gostaria de ser dispensado da honrosa missão que a Diocese me entregara: dirigir uma das suas Escolas. Sentia que, nestas coisas, não há lugar para fraquezas nem desculpas, que com a Educação não se brinca e que as Crianças têm o direito de exigir de nós o máximo, o que eu já não me sentia em condições de fazer. Foi assim que as coisas, com naturalidade, se foram encaixando de forma que a hora do adeus se foi aproximando inexorável, mas certeira. E tudo até correu bem: as festas com Crianças e Adultos foram bonitas, fartas, amorosas, imerecidas. Muitas mensagem de Amizade, muitas provas de Carinho, tentando “amortecer” a dor que toda a perda, toda a partida contém. Ficam as recordações, a sensação de ter feito o melhor que podia a sabia, com tantas limitações e falhas. Fica a certeza de ter ajudado o Mundo a ser melhor e de que, se fosse possível voltar atrás, como desde Criança dizia, repetiria: “Quero ser Professor!”

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