segunda-feira, maio 25, 2009

Uma Coisinha boa que Deus nos deu!!!

Não, não podia ser. Faltava ainda um mês. Com certeza o jantar assentara mal e não passava de uma dor de barriga. Talvez ... um desarranjo intestinal. Voltas e mais voltas e não conseguia estar na cama. Assim se foi passando a noite, ora em pé, ora deitada, até que, pelas 4 horas, se começou a pensar que iria nascer nesse dia.
A história começara uns meses atrás. Em de Outubro de 1981, a minha Mãe - nada lhe escapava! - chega-se-me ao ouvido e sussurra-me "Ides ter outro bebé...". "Ó Mãe, nem pense nisso. Só que a Leo, hoje, está mal disposta. Agora com esta idade. Era o que faltava. Já cá temos três e bastam" E mais conversa... "!!! Ali há coisa..."
Havia. Não nos custou muito a aceitar a ideia. Deus a confrontar-nos com a nossa boa vontade. Com os nossos Ideais de vida cristã. Mais complicado foi a irmã mais velha. Na sua adolescência "tinha vergonha" da Mãe grávida. O Dr. Gil deu-nos uma boa ajuda, quando a convenceu a pedir "Mãe, posso ser a madrinha do bebé?!" E foi. E o irmão mais velho seria o Padrinho. Muito bem escolhidos, tudo em Família. Um sortudo, este menino, mesmo antes de nascer. Graças a Deus.
Mas eu sempre desejei que fosse uma menina. Já tínhamos uma e assim ficariam dois e duas. Até o nome escolhi, Margarida Isabel. E a Mãe a dizer "Olha que pode ser um rapaz". "Não, é menina, de certeza...". Ah! As certezas humanas... "Mas... e se for menino?" tornava a Mãe. Ui! O coração da Mãe até sabe coisas que os médicos desconhecem ou não querem revelar. "Ora, Deus é grande e vais ser menina", cantava eu, com toda a segurança.
O tempo passou num instante e aquela linda barriga sempre a crescer, causando já o desconforto tão próprio daquelas situações. As mães entendem isto melhor do que nós, os pais. O dia 14 de Maio de 1982, foi grande para Portugal, especialmente para a região da Grande Lisboa. João Paulo II, no auge da sua missão apostólica, quis estar na nossa Capital e o Parque Eduardo VII engalanou-se, esmerou-se para o receber. Pai e filha compareceram e lá se encontraram a rezar, a cantar, a acenar com muitos milhares de outros, crentes ou não. Um deslumbramento. Foi um choque. Na sua deslocação para a parte alta do Parque, o Sumo Pontífice passava ali, a poucos metros. Um estremecimento. Um arrepio. Uma revelação. "Vai ser menino e chamar-se-á João!" Estive na festa, até ao fim. Voltei cheio, para Setúbal. Trazia um coração a bater de contentamento e uma "certeza": "Vai ser menino e chamar-se-á João!" Passei o meu estado de espírito à Mãe. Não foi difícil convencê-la. Parece-me que até ficou aliviada. Seria João Pedro ou João Paulo? "João Paulo é capaz de haver por aí uma inflacção..." Mas ainda "faltava" mais de um mês e poderíamos ir falando. Depois se decidiria. Não faltava. Só passaram 11 dias, para nossa surpresa.
Voltando aquela manhã de há 27 anos. Eram 5 e meia e a Mãe deita-se no chão e dizer-me "Vai nascer, vai nascer. Já não consigo mexer-me!" "Ó Mulher, não me faças isso! Vá, coragem, levanta-te, vamos já para o hospital. Chego lá num instante!!!" Foi um instante que pareceu uma eternidade. Um pouco antes das 6 passámos, sem parar, pela recepção do Banco do Hospital de Setúbal e nasceu quinze minutos depois, A parteira, que não se portou nada bem, terá dito "Depressa, senão nasce aqui no corredor". Um despachado. Já estava em casa e rezava com a futura madrinha - tive de voltar para preparar os três mais velhos e levá-los às escolas - quando o telefone tocou a dar a feliz notícia: nascera um rapazão, a Mãe estava bem... Chamar-se-ia João Pedro. Para mim "a Coisinha boa que Deus nos deu".
Ainda hoje, quando já são ELES que estão à espera da sua coisinha boa. O Pai quer um rapaz, a Mãe deseja uma menina... Graças a Deus!
A festa ficou um tanto ensombrada com novo assalto à sua casa, lá em Bruxelas, o segundo em menos de um ano. Ali, a 500 m da Praça Robert Schuman. Sim, um dos fundadores "desta" Europa. Lá como cá...
Fica sem música, pela "música" que nos querem "dar". E "dão"!!!

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