quarta-feira, setembro 09, 2009

Festa na Aldeia - 2009

8 de Setembro. O Sol já aparecera por detrás da serra das "Pedriças" havia horas. Não era fácil sair do aconchego do quarto protegido da dureza dos seus raios pela grossura das paredes de granito. Levanto, não levanto ... mas o dever venceu a preguiça. Uma devoção firme a Nossa Senhora da Graça ali me levara e havia de ser cumprida. Já na véspera se dera início à celebração da festa da Natividade de Maria com a procissão das velas e a recitação do Rosário. Muita devoção, presença razoável de fiéis. Com a direcção do Pároco, o nosso P. José Joaquim, entusiasta, simpático, delicado na sua alegria de viver. A Banda a acompanhar, sempre com o Povo e o Povo com a Banda. Esta paixão está em todos nós.
A Missa solene havia de ser às 11 horas. Segui atrás da banda, que me passou à porta, até á nossa pequena "catedral". Tantas recordações de um tempo que não mais voltará.
Quis o destino que, lá em cima, no "coro", ocupasse o lugar onde tantas vezes se sentara o meu Pai. Terça-feira. Este apego à celebração da festa no dia próprio revela fidelidade ao calendário litúrgico, mas dá motivo a que muitos não possam estar presentes. As férias já foram, as aulas estão aí e o resultado também: pouco mais de "meia casa"...
Mas voltemos à nossa festa: Missa cantada, presidida pelo nosso Pároco e homilia, bem a propósito, pelo Arcipreste, P. Manuel Toscano. A procissão por um percurso não habitual. Uma novidade para mim. Que daria problemas, com gente menos cordata. Mas tudo bem. A Banda tocava e o Povo cantava: "Nossa Senhora da Graça/ Padroeira desta Aldeia/ A velar pelos seus filhos/ Do inimigo defendei-a." "Nossa Senhora da Graça/ Este amado Povo teu/ Quer, ó Mãe, sempre amar-te cá na Terra/ Com Amor forte e leal/ Que perdura até ao Céu".
Pois. foguetes não houve. Cães para fugirem deles também quase não vi. Nem ouvi.
De tarde, com a Banda a tocar - e bem, com muitos jovens e até crianças - teve lugar o "ramo", onde se leiloaram os frutos da generosidade dos devotos de Nossa Senhora da Graça. Alguns bem apetitosos! E a chegarem a preços bem elevados. Também generosos os que os compraram.
A tarde ia escorrendo com o Sol a escapar-se lá para as bandas da Gardunha, quando ribombaram os primeiros trovões. Ao longe, relâmpagos e nuvens negras. Não demorou muito a cobrirem toda a Aldeia. De repente, a igreja volta a encher-se, como acontecera de manhã. A chuva aí estava. Com ela o cheiro da terra molhada, a primeira deste fim de Verão. Uma bênção para os campos ressequidos. Pelas cinco e meia da tarde, a festa acabara. Mesmo assim, a Banda ainda arranjou coragem para, ordenadamente, descer pela estrada, em direcção à sede, tocando mais uma das suas marchas. Um lindo som que não consigo esquecer.
Almocei com o meu Irmão.

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