quarta-feira, fevereiro 22, 2012

Passagem pela urgência hospitalar

Urgências hospitalares podem ficar sem médicos a partir de Abril
Exmº. Senhor
Presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar
Na passada sexta feira, dia 17 deste mês de Fevereiro, depois de expor ao “Serviço Saúde 24” os sintomas do meu mal estar – tensão elevada e dores fortes na zona do estômago -  fui aconselhado a dirigir-me ao Serviço de Urgência Geral desse Hospital para observação médica e exames complementares, se disso fosse caso. E prestação de socorro ao paciente. Eu.
Depois de andar a vaguear por ali cerca de três horas – entrei depois das 19 e foi-me dada “alta” pouco antes das 22 horas – tenho de confessar que não é uma experiência agradável: bancos partidos e insuficientes, pessoal de serviço em autogestão e desinteressado dos problemas dos doentes, quase encarados como estorvo a perturbar o “descanso” dos “trabalhadores”.  Em suma: um “serviço” que me envergonhou também como contribuinte. Saí de casa em direção ao serviço de urgência com a tensão arterial nos 158/ 97 e regressei, depois de “tratado” – ninguém me explicou a droga receitada e injetada nem me quis ouvir falar da medicação que já estou a tomar, regularmente, sob vigilância da minha Médica /com letra GRANDE!!!) de Família - pelo que a interação com a medicação já tomada  pode ter sido de tal ordem que, ao chegar a casa, a tensão, que deveria ter baixado, subiu para 198/ 109. "Decidido a morrer", mas a não voltar ao vosso serviço de urgências, consegui controlar o meu estado, no período que restava da noite, com aconselhamento de Médico amigo na administração dos medicamentos que tinha em casa. Por sorte minha, com êxito!
Na manhã de sábado, 18, dirigi-me ao Hospital Particular da nossa Cidade,  para aqui  ser recebido como doente a precisar de atenção e cuidados pelo pessoal delicado de tal Unidade Saúde e pelo médico de serviço,  um MÉDICO!!!! a sério, que se interessou, que perguntou e ouviu, que diagnosticou e receitou. Não hesitou em medir a tensão sanguínea, fazer auscultação, apalpar a barriga e saber quase com certeza a razão do meu mal. Sem exames complementares. Ah! O eletrocardiograma pedido em no vosso hospital, bem estranhamente, nem me foi entregue. Ou talvez nem seja tão estranho, pois o senhor que me atendeu, sem qualquer identificação, deu-me “alta” no corredor….
Considero Vª: Exª. o primeiro responsável pelo que se passa no Banco desse Hospital, cuja má fama é conhecida na Região. E Vª. Exª. nada faz para sanear a situação? Aqueles bancos partidos dizem logo muito do que lá vamos passar e chocam-nos ainda mais se os compararmos com o que fomos encontrar no Hospital Particular. A noite e o dia.
E não é justo. Esse Hospital tem o dever de receber com delicadeza as pessoas que o procuram, quer paguem o serviço, como eu fiz, ou estejam isentos. Vamos a essa casa em desespero de causa e não é justo, repito,  ver as nossas expectativas frustradas por alguma gente que sente estar ali a fazer um grande frete, ou que os doentes são incómodos e deviam era chegar mortos. Para não “chatearem”…
Claro está que Vª. Exª. pode assumir perante esta comunicação duas atitudes:
1. Decidir que eu não devo ter mais nada que fazer para o estar a incomodar e mandar este email para o caixote do lixo. Julgo ter então o direito de o considerar conivente com o que se passa, o “deixa andar”, os doentes que se “lixem”, que digam mal pouco me importa.
2. Entender que as coisas podem ser melhoradas, que "se calhar este indivíduo que me escreve até é capaz de vir cá depor em inquérito e dizer mesmo TUDO o que viu com os outros e lhe fizeram a ele".
Quem não quer trabalhar não o finja, ao enfiar-se num gabinete, que está ali a fazer o bem, porque não está. Tem o dever de acolher os doentes, sem sobranceria, sem vaidade, sem má educação, antes com espírito de serviço, com ética, competência e generosidade.
O senhor que me atendeu, na triagem, bocejava de 10 em 10 segundos, numa falta de sentido cívico e de educação, sem qualquer espírito ético ou brio profissional. E o que se seguiu foi do mesmo género. Ou pior!
Não estando identificados… não indico nomes. Mas se me chamar a depor, havemos de sabê-los. E saiba Vª. Exª.  que tenho mais para contar.
Não se pense que um serviço público está obrigado a funcionar mal! Na minha Unidade de Saúde Familiar, os doente são recebidos com carinho, tratados como pessoas e acompanhados como doentes. Os médicos de ambas as instituições - desse Hospital e da USF - recebem e estão tutelados pelo mesmo Ministério. Que se passa então, senhor Presidente ?
Não envio esta carta ao Senhor ministro da Saúde. Entendo que estes assuntos se podem e devem resolver no local.
Fico-lhe grato pelos minutos que me dispensou.
Com os melhores cumprimentos.
Foto in Jornal de Notícias

Sem comentários: