terça-feira, julho 24, 2012

É falta de Cultura, estúpido!

Por Clara Ferreira Alves, in Jornal EXPRESSO
Portugal tem hoje uma pequeníssima elite que consome cultura, quase toda velha e sem sucessores
NÓS MERECEMOS ISTO. Nós elegemos esta gente. Nós não somos muito diferentes disto. No meio do anedotário que converteria um homem mais inteligente num homem trágico, convém não esquecer o que nos separa, exatamente, do Relvas. Pouco. O dito não é um espécime isolado, um pobre diabo animado de força e disposição para fazer negócios e trepar na vida, que entrou em associações e cambalachos, comprou um curso superior e, de um modo geral, se autoinstituiu em conselheiro do rei. Já vimos isto. Nunca vimos isto nesta escala, porque na 25s hora da tragédia nacional, quando Portugal se confronta com a humilhação da venda dos bens preciosos (os famosos ativos) aos colonizados de antanho e seus amigos chineses, o que o país tem para
mostrar como elite é pouco. Nada distingue hoje a burguesia do proletariado. Consomem as mesmas revistas do coração, lêem a me
sma má literatura (que passa por literatura), vêem a mesma televisão, comovem-se com as mesmas distrações. Uns são ricos, outros pobres. A elite portuguesa nunca foi estelar, e entre a expulsão dos judeus e a perseguição aos jesuítas, dispersámos a inteligência e adotámos uma apatia interrompida por acasos históricos que geraram alguns estrangeirados ou exilados cultos permanentemente amargos e desesperados com a pátria (Eça, Sena) e alguns heróis isolados ou desconhecidos (Pessoa, 0'Neill). Em "Memorial do Convento", Saramago dá-nos um retrato da estupidez dos reis mas exalta romanticamente o povo. Todos os artistas comunistas o fizeram, num tempo em que o partido comunista tinha uma elite intelectual e de resistência inspirada por um chefe que, aos 80 anos, quase cego, resolveu traduzir Shakespeare. Cunhal traduzindo o "Rei Lear" de um lado, Relvas posando nas fotografias ao lado da bandeira do outro. Relvas nem personagem de Lobo Antunes, o (descritor da tristeza pós-colonial, chega a ser. É um subproduto de telenovela O tempo dos chefes cultos acabou, e se serve de consolação, não acabou apenas em Portugal. A cultura de massas ganhou. No mundo pop, multimédia, inculto e narcisista, em que cada estúpido é o busto de si mesmo, a burguesia e o lúmpen distinguem-se na capacidade de fazer dinheiro. Acumular capital. O dinheiro, as discussões em volta do dinheiro acentuadas pela falta de dinheiro, fizeram do proletariado (e desse híbrido chamado classe média) uma massa informe de consumidores que votam. E que consomem democracia, os direitos fundamentais, como consomem televisão, pela imagem. Sócrates e o Armani, Passos Coelho e a voz de festival da canção. Nós, e quando digo nós digo o jornalismo na sua decadência e euforia suicidaria, criámos estas criaturas. Os Relvas, os Seguros, os Passos Coelhos, os amigos deles. O jornalismo, aterrorizado com a ideia de
que a cultura é pesada e de que o mundo tem de ser leve, nivelou a inteligência e a memória pelo mais baixo denominador comum, na esteira das televisões generalistas. Nasceu o avatar da cultura de massas que dá pelo nome de light culfure em oposição à destrinça entre high e low. O artista trabalha para o 'mercado', tal como o jornalista, sujeito ao raring das audiências e dos comentários online. A brigada iletrada, como lhe chama Martin Amis, venceu. Estão admirados? John Carlin, o sul-africano autor do livro que foi adaptado ao cinema por Clint Eastwood, "Invictus", conta que Nelson Mandela e os homens do ANC, na prisão, discutiam acaloradamente, apaixonadamente, Shakespeare. Foram "Júlio César" ou "Macbeth", "Hamlet" ou "Ricardo III" que os acompanharam. Não é um preciosismo. A literatura, o poder das palavras para descrever e incluir o mundo num sistema coerente de pensamento, é, como a filosofia e a história, tão importante como a física ou a álgebra. A grande mostra da Grã-Bretanha nos Jogos Olímpicos é Shakespeare (no British Museum) e não um dono de supermercados ou futebolista.
Os 'heróis' portugueses descrevem-nos. E descrevem a nossa ignorância. Passos Coelho é fotografado à entrada do La Féria ou do casino. Um dono de supermercados ou um esperto ministro reformado são os reservatórios do pensamento nacional. Uma artista plástica é incensada não pela obra mas pela capacidade de "agradar ao mercado", transformando-se, pela manifesta ausência de candidatos, em artista oficial do regime. É assim. Não teria de ser assim. Portugal tem hoje uma pequeníssima elite que consome cultura quase toda velha e sem sucessores. Não estamos sós. Por esse mundo fora, a arte tornou-se cópia e reprodução (daí a predominância dos grandes copiadores de coisas, os chineses), tornou-se matéria tornou-se consumo. Como bem disse Vargas Llosa, em vez de discutirmos ideias discutimos comida. A gastronomia é uma nova filosofia. Ferran Adriá é o sucessor de Cervantes e de Ortega Y Gasset.
Foto: Aqui vai o artigo da Clara Ferreira Alves, no Expresso deste fim de semana e de onde retirei um excerto que está por aí. Agora vai o artigo completo


pluma caprichosa

É A FALTA DE CULTURA, ESTÚPIDO

Portugal tem hoje uma pequeníssima elite que consome cultura, quase toda velha e sem sucessores

NOS MERECEMOS ISTO. Nós elegemos esta gente. Nós não somos muito diferentes disto. No meio do anedotário que converteria um homem mais inteligente num homem trágico, convém não esquecer o que nos separa, exatamente, do Relvas. Pouco. O dito não é um espécime isolado, um pobre diabo animado de força e disposição para fazer negócios e trepar na vida, que entrou em associações e cambalachos, comprou um curso superior e, de um modo geral, se autoinstituiu em conselheiro do rei. Já vimos isto. Nunca vimos isto nesta escala, porque na 25s hora da tragédia nacional, quando Portugal se confronta com a humilhação da venda dos bens preciosos (os famosos ativos) aos colonizados de antanho e seus amigos chineses, o que o país tem para
mostrar como elite é pouco. Nada distingue hoje a burguesia do proletariado. Consomem as mesmas revistas do coração, lêem a mesma má literatura (que passa por literatura), vêem a mesma televisão, comovem-se com as mesmas distrações. Uns são ricos, outros pobres. A elite portuguesa nunca foi estelar, e entre a expulsão dos judeus e a perseguição aos jesuítas, dispersámos a inteligência e adotámos uma apatia interrompida por acasos históricos que geraram alguns estrangeirados ou exilados cultos permanentemente amargos e desesperados com a pátria (Eça, Sena) e alguns heróis isolados ou desconhecidos (Pessoa, 0'Neill). Em "Memorial do Convento", Saramago dá-nos um retrato da estupidez dos reis mas exalta romanticamente o povo. Todos os artistas comunistas o fizeram, num tempo em que o partido comunista tinha uma elite intelectual e de resistência inspirada por um chefe que, aos 80 anos, quase cego, resolveu traduzir Shakespeare. Cunhal traduzindo o "Rei Lear" de um lado, Relvas posando nas fotografias ao lado da bandeira do outro. Relvas nem personagem de Lobo Antunes, o (descritor da tristeza pós-colonial, chega a ser. É um subproduto de telenovela O tempo dos chefes cultos acabou, e se serve de consolação, não acabou apenas em Portugal. A cultura de massas ganhou. No mundo pop, multimédia, inculto e narcisista, em que cada estúpido é o busto de si mesmo, a burguesia e o lúmpen distinguem-se na capacidade de fazer dinheiro. Acumular capital. O dinheiro, as discussões em volta do dinheiro acentuadas pela falta de dinheiro, fizeram do proletariado (e desse híbrido chamado classe média) uma massa informe de consumidores que votam. E que consomem democracia, os direitos fundamentais, como consomem televisão, pela imagem. Sócrates e o Armani, Passos Coelho e a voz de festival da canção. Nós, e quando digo nós digo o jornalismo na sua decadência e euforia suicidaria, criámos estas criaturas. Os Relvas, os Seguros, os Passos Coelhos, os amigos deles. O jornalismo, aterrorizado com a ideia de
que a cultura é pesada e de que o mundo tem de ser leve, nivelou a inteligência e a memória pelo mais baixo denominador comum, na esteira das televisões generalistas. Nasceu o avatar da cultura de massas que dá pelo nome de light culfure em oposição à destrinça entre high e low. O artista trabalha para o 'mercado', tal como o jornalista, sujeito ao raring das audiências e dos comentários online. A brigada iletrada, como lhe chama Martin Amis, venceu. Estão admirados? John Carlin, o sul-africano autor do livro que foi adaptado ao cinema por Clint Eastwood, "Invictus", conta que Nelson Mandela e os homens do ANC, na prisão, discutiam acaloradamente, apaixonadamente, Shakespeare. Foram "Júlio César" ou "Macbeth", "Hamlet" ou "Ricardo III" que os acompanharam. Não é um preciosismo. A literatura, o poder das palavras para descrever e incluir o mundo num sistema coerente de pensamento, é, como a filosofia e a história, tão importante como a física ou a álgebra. A grande mostra da Grã-Bretanha nos Jogos Olímpicos é Shakespeare (no British Museum) e não um dono de supermercados ou futebolista.
Os 'heróis' portugueses descrevem-nos. E descrevem a nossa ignorância Passos Coelho é fotografado à entrada do La Féria ou do casino. Um dono de supermercados ou um esperto ministro reformado são os reservatórios do pensamento nacional. Uma artista plástica é incensada não pela obra mas pela capacidade de "agradar ao mercado", transformando-se, pela manifesta ausência de candidatos, em artista oficial do regime. É assim. Não teria de ser assim. Portugal tem hoje uma pequeníssima elite que consome cultura quase toda velha e sem sucessores. Não estamos sós. Por esse mundo fora, a arte tornou-se cópia e reprodução (daí a predominância dos grandes copiadores de coisas, os chineses), tornou-se matéria tornou-se consumo. Como bem disse Vargas Iiosa, em vez de discutirmos ideias discutimos comida A gastronomia é uma nova filosofia Ferran Adriá é o sucessor de Cervantes e de Ortega Y Gasset. ©
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segunda-feira, julho 23, 2012

No tempo dos Marajás, Duques, Viscondes, Marqueses, Condes....

Com a devida vénia!
Director: Carlos Fontes

PORTUGAL
Um País de Marajás
Os portugueses não foram apenas à India (1498), onde se estabeleceram durante muitos séculos, absorveram também na sua cultura, os hábitos dos seus marajás.
A monarquia constitucional (1834-1910), colapsou, devido à quantidade de parasitas viviam à custa do Estado e dos seus apêndices, sem nada produzirem.
A primeira república em Portugal (1910-1926), anunciou que iria acabar com o parasitismo dos marajás, mas rapidamente ficou refém de políticos demagogos, incompetentes e corruptos que viviam da parasitagem no Estado.
A Ditadura (1926-1974), a segunda República, pretendeu também acabar com o desperdício e a parasitagem, mas cedo se percebeu que o que fez foi proteger uma elite que vivia na mais completa parasitagem protegida pelo Estado.
A terceira república, que começou em 1974, prometia um virar de página neste domínio. Pura ilusão. Os "marajás", como dizem os brasileiros, que pululam pelos partidos políticos não tardaram a dominar o aparelho de Estado, apropriando-se de tudo o que podem, conduzindo o país para um contínuo empobrecimento.
O perfil e os hábitos dos marajá, embora revelem alguma variação de marajá para marajá, estão perfeitamente tipificados:
- O Marajá considera as instituições ou empresas públicas como sua propriedade. O único a quem tem que prestar contas é a ele próprio. O secretismo sobre as finanças do país, da câmara, junta de Freguesia, empresa pública ou municipal, frequentemente em nome do "interesse nacional", é um princípio sagrado.
- O Marajá estabelece o seu próprio vencimento, de acordo com a sua suposta dignidade do cargo e presumidos méritos pessoais. Se legalmente não o poder fazer, e não poder mudar a lei, o marajá dedica-se a acumular cargos e mordomias (viaturas oficiais, almoços, viagens, despesas de representação, cartões de crédito, residências oficiais, subsídios de deslocação, integração, reintegração, horas extraordinárias, etc, etc) até perfazer tudo aquilo a que tem direito.
- O Marajá necessita de uma corte para o servir, e é por isso se faz rodear de assessores, consultores, funcionários para isto e aquilo. Muitos marajás, instalados por exemplo nas Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia, transformam grupos populacionais, como os idosos e as crianças, em membros das suas cortes pessoais.
- O Marajá vive da pompa e circunstância, por isso não olha a custos em festas, recepções, prendas, pequenos e grandes luxos, não apenas porque eles são próprios do cargo, mas porque é próprio das suas funções públicas esbanjar recursos em eventos, comemorações e obras para dar animo ao povo.
Protecção dos Marajás
Os marajás da Assembleia da República ao longo dos anos foram produzindo uma sofisticada legislação que protege os marajás, impedindo que possam ser responsabilizados pelo descalabro que provocam na contas públicas.
Primeiro impediram que se possa conhecer com rigor quantas entidades se alimentam do orçamento do Estado (administrações centrais, regionais e locais, empresas, institutos e fundações públicas), consumindo 51% do PIB.
Depois limitaram a fiscalização pública destas entidades, nomeadamente através do Tribunal de Contas. Num universo estimado de 13.740 entidades que estão sob a jurisdição do Tribunal de Contas, apenas 1.724 apresentaram contas, mas só foram fiscalizadas 418 (Dados DN,8/01/2011). O descontrolo é total.
Por último, produziram uma legislação confere aos políticos portugueses a total impunidade no saque dos recursos do país, e que só em condições excepcionais sejam presos.
Marajás de Portugal
Não faltam marajás em Portugal, o problema é sempre o da sua selecção, tantos são os candidatos para os diferentes categorias. Correndo os risco de sermos acusados de ter cometido graves omissões, daremos alguns exemplos ilustrativos para as várias categorias, privilegiando os insuspeitos marajás.
Marajás carismáticos Apesar da enorme diversidade de estilos, estatutos e meios que dispõem, ou dispuseram, todos possuem uma característica comum: desfrutam ou desfrutaram de uma enorme popularidade junto do seu eleitorado, por mais desmandos que tenham feito. As suas redes clientelares, solidamente criadas, dão-lhes permanentes provas de reconhecimento e apoio. As regras da ética política e da decência, não se lhes aplica. Alguns atingiram o estatuto de total impunidade, colocando-se acima da própria Justiça. Nada os incomoda.
Mário Soares
Alberto João Jardim. Líder regional do PSD, critica todos os governos da República por falta de transparência, roubalheira e desvario na gestão da coisa pública. A verdade é que este governador regional da Madeira é o pior exemplo do país nestes domínios.
Isaltino Morais. Antigo militante do PSD, apesar dos vários casos em tribunal e de ter sido condenado por desvios de fundos públicos, continua a ser premiado nas eleições autárquicas com o voto dos municipes.
Avelino Ferreira Torres. Antigo militante do CDS-PP, como presidente da Câmara Municipal de Marco de Canaveses ultrapassou tudo o que seria imaginável de um autarca, sendo sucessivamente condenado pelos tribunais. A população local, imbecilizada, continuou a votar nele.
Marajás camarários As 308 câmaras de Portugal são um verdadeiro viveiro de marajás. É extremamente difícil A parasitagem está de tal modo instalada e enraizada, que deixou de ser questionada.
Câmara Municipal de Lisboa. A cidade de Lisboa, entre 1981 e 2008 perdeu 41% da sua população. No entanto neste mesmo período o número de funcionários, dirigentes, assessores, serviços, empresas municipais nunca parou de aumentar. Os custos com viaturas oficiais, deslocações, horas extraordinárias, subsídios, acumulações de vencimentos, prémios, promoções, atribuição de casas camarárias aos próprios funcionários e dirigentes, etc., etc., foi subindo exponencialmente.
Em Janeiro de 2010, as dívidas acumuladas da CML eram de 1,952 mil milhões de euros. Se a estas dividas somarmos as das 53 freguesias e das dezenas de empresas municipais de Lisboa, é fácil perceber que estamos perante um enorme esbanjamento de dinheiro dos contribuintes capaz de fazer felizes muitos pequenos e grandes marajás.
Apesar da câmara e das empresas municipais estarem falidas, os seus dirigentes municipais nunca deixaram de atribuírem a si próprios prémios pela excelência da sua prestação à frente das mesmas (1).
Este quadro torna-se ainda mais revelador do descalabro que a cidade mergulhou , quando se constata que o actual presidente da CML - António Costa - ao mesmo tempo que recebia uma reforma do Estado, auferia também o vencimento completo de presidente. O líder da oposição, o vereador Pedro Santana Lopes, recebe 2 (duas) reformas do Estado. A CML à semelhança do país é dirigida por políticos que acumulam mordomias e reformas do Estado.
Câmara Municipal do Alandroal. Nesta autarquia alentejana, cuja maioria dos seus 6197 habitantes é reformada ou pensionista do Estado, existe um funcionário para 28 habitantes. Apesar da população ter vindo sempre a diminuir, os presidentes da câmara não param de aumentar o número de funcionários, despesas com horas extraordinárias, gratificações, viagens, etc, etc. As dívidas não pararam também de subir, desde 2001 ao ritmo de 3 milhões por ano, ultrapassando todos o limites legais (2). Os marajás do Alandroal, à sua escala, não olharam a meios para criar uma corte de dependentes.
Câmara Municipal de Espinho. Os presidentes das câmaras municipais em Portugal, em vez de resolverem os problemas básicos para os quais as autarquias foram criadas, como verdadeiros marajás, esbanjam o dinheiro dos contribuintes em tudo aquilo que sendo importante, é todavia secundário.
Os exemplos não faltam, mas um dos que fizeram escola foi o da Câmara de Espinho. O Marajá local, em 2000, resolveu dar férias a cerca de 150 idosos do seu concelho no Brasil. Para preparar a visita de tão numeroso grupo, o marajá e outros funcionários camarários, andaram numa roda viva entre Portugal e o Brasil, até que por fim tirou dois meses à conta da autarquia para acompanhar a sua corte no Brasil. O espectáculo conforme consta na imprensa local foi esplendoroso no outro lado do Atlântico.
A partir daqui, outros marajás de câmaras decidiram enviar os seus "velhinhos", devidamente acompanhados pelo presidente, mais os respectivos vereadores e funcionários camarários, sempre devidamente remunerados, para os cantos mais distantes e exóticos do mundo.
Os marajás das Câmaras (308), distinguem-se neste capítulo dos marajás das juntas de Freguesia (4.260), cujos passeios com as suas cortes privativas de "idosos" e outros dependentes, em geral, não ultrapassam o território espanhol.
Marajás de empresas públicas Os marajás da empresas públicas são conhecidos por se lamentarem de ganhar pouco e desfrutarem de mordomias irrisórias. A única forma que encontraram para compensarem a sua escandalosa situação, é mostrarem o seu desprezo pelo dinheiro que dispõem. Eles estão acima das ninharias que preocupam o comum dos mortais.
CP - Caminhos de Ferro. O seu presidente ganha a módica quantia de 69.000 euros (2010). Este empresa pública registava, orgulhosamente, o mais elevado de número de chefias em relação ao total de funcionários. A corte de serviçais é impressionante, assim como os números dos prejuízos acumulados. Em 1996, o total de dívidas era de 2,2 mil milhões de euros. Decidiu-se então criar uma nova empresa, a REFER, para repartir as dívidas. Em 2099, o total das dívidas só da CP era de 3,3 mil milhões de euros.
Refer . Apesar de recente, os valores desta jovem empresa pública impressionam fazem inveja a qualquer marajá. Embora o seu presidente só ganhe a modesta quantia de 66.000 euros (2010), os números das dívidas acumuladas em poucos anos são próprios um grande marajá. Em 2009, a REFER já tinha uma dívida superior a 5,5 mil milhões de euros.
RTP. O seu presidente, recebe a irrisória quantia de 250.000 euros, mas em nada fica a dever a outros marajás em termos de prodigalidade. Em 2009, a dívida acumulada da RTP era superior a 800 milhões de euros. Prevê-se que nos próximos tempos, devido aos cortes nas receitas publicitárias, espera-se que ultrapasse a confortável posição de mil milhões.
Águas de Portugal. Em 2010, o seu presidente (ordenado de 126.000 euros), tornou-se conhecido da opinião pública, por furar a miserável contenção de gastos, promovendo a compra numa assentada de 400 novas viaturas para a corte das Águas de Portugal. Os marajás desta empresa pública, têm mostrado que não aceitam limitações à sua tradicional prodigalidade: Em 2005, deviam ao bancos apenas 1,2 mil milhões de euros, passando em 2009, para a expressiva quantia de 2,5 mil milhões.
Metro de Lisboa. O número de estações aumenta a conta gotas, mas o seu presidente (66.000 euros de ordenado), não se pode queixar. A dívida pública desta empresa não tem parado de aumenta, atingido esperando-se que em 2010, atinja os 4 mil milhões de euros, contra os 3,7 mil milhões do ano anterior. Tem sido uma fartote próprio de grandes marajás.
Metro do Porto. A empresa é recentíssima, contudo o seu presidente (96.000 euros de ordenado), pode apresentar já números que fazem inveja a qualquer marajá: uma dívida de 2,3 mil milhões (2010).
Metro do Mondego. A empresa foi constituída, em 1996 e até 2011, o único trabalho que realizou foi desmantelar a linha ferroviária que existia. Os prejuízos não param de aumentarem, assim como os seus 7 administradores, para gerirem 5 funcionários !. Em 2010, mais de 60% do orçamento desta empresa pública foi para pagar aos administradores (ordenados, mordomias, automóveis topo de gama, etc, etc). Uma das razões desta aberrante organização, está no facto das câmaras municipais locais ter exigido ao governo o direito de nomearem os seus marajás. Todos pretendiam participar no roubo do erário público.
Estradas de Portugal. Face aos números anteriores, o presidente desta empresa pública, está uma situação desconfortável. Em 2005 a dívida era de apenas 50,5 milhões de euros, uma ninharia. Graças à acção de vários marajás passou para em 2008 para uns animadores 910 milhões de euros, tendo atingido os 1,507 mil milhões de euros em 2009. Espera-se que em 2010 este valor da dívida seja superior a 2 mil milhões de euros.
Atendendo ao reduzido valor inicial da dívida, em 2007, o actual Presidente (Almerindo Marques) quando iniciou as suas funções, sem contar com as mordomias do cargo, só conseguiu um vencimento de 18.000 euros mensais. Desde 2008 o seu vencimento tem vindo a aumentar, acompanhando a subida das dívidas da empresa.
TAP . Os rendimentos do seu presidente (285.000 euros de vencimento), não tem parado de aumentar, assim como a dívida acumulada da empresa: 2, 5 mil milhões de euros (2009). O marijismo no seu melhor.
Parpública. Holding que gere as participações do Estado, desde há décadas que é um típico caso de polícia e imoralidade. Autoriza, por exemplo, prémios a gestores cujas empresas dão prejuízo.
A lista é infindável. Por incrível que possa parecer, o Estado central não sabe quantas empresas públicas possui. O Tribunal de Contas, em 2010, calculava que fossem mais de 700 empresas, a esmagadora maioria das quais são verdadeiros buracos sem fundo.
Marajás das Empresas Municipais As empresas municipais são presentemente o paraíso dos marajás de Portugal. Produto das máfias que dominam as Câmaras municipais (308), alimentam todo o tipo de marajás locais, incluindo os partidos políticos.
Ninguém sabe ao certo quantas existem em Portugal, quais as suas funções, quem são os seus gestores, quantos funcionários possuem, nem sequer qual o montante das suas dívidas. O poderoso lóbi das câmaras garante a total opacidade neste domínio.
Apesar disto, o Presidente do Tribunal de Contas, em Novembro de 2010, calculava que existissem mais de 2 mil empresas municipais. Mostrando-se particularmente preocupado com os montantes das suas dívidas. As futuras gerações vão levar décadas a pagar a roubalheira que já foi feita.
Trata-se de um mundo opaco, onde só a Polícia Judiciária consegue obter alguma informação. De tempos a tempos, alguns dos seus marajás são aborrecidos por terem posto dinheiro das empresas municipais numa conta na Suíça, dado algum a um familiar ou até a amigalhaços do Partido. Tudo coisas menores, que gente sem nível se preocupa..
Marajás das Regiões Autónomas As duas regiões autónomas de Portugal - a Madeira e os Açores - são presentemente um verdadeiro viveiro de marajás. A maioria deles, sobretudo na Madeira, formaram-se nos movimentos separatistas nascidos logo após o 25 de Abril de 1974. Habituaram-se a reclamar, a gastar e a extorquir tudo o que podem ao "Governo da República", sumariamente identificado com os "colonialistas" ou "comunistas" do continente.
Estes movimentos não tardaram a assumirem características mafiosas, em regiões cujas populações continuam a apresentar as mais elevadas taxas de insucesso escolar de Portugal.
As "Assembleias Regionais", ao longo dos anos, foram aprovando um vasto conjunto de medidas compensatórias para os marajás que estão desterrados nas ilhas. Os "custos da insularidade ou ultra-periferia" tem servido de argumento para sacarem importantes recursos financeiros à "República" que depois são esbanjados pelas diversas cortes de mafiosos. O hábito de sacarem já degenerou numa impune roubalheira:
- Os marajás da Madeira, por exemplo, possuem empresas privadas que trabalham directamente para o governo de que fazem parte. A promiscuidade entre o público e o privado é total. Os governantes e deputados atribuíram-se a próprios regalias que mais ninguém possui em Portugal.
- Os marajás dos Açores, em Dezembro de 2010, resolveram compensar as suas clientelas locais pelas perdas nos vencimentos decretadas pelo Governo da República para fazer face aos elevados níveis de endividamento do país. Os marajás dos Açores entendem que estão acima de qualquer crise económica, podem continuar a gastar, esbanjar e a endividarem-se sem qualquer controlo.
As duas regiões autónomas criaram também uma infinidade de empresas, cujas dívidas estão em total descontrolo. Ninguém sabe o que se passa neste domínio.
Nos Açores, em 2007, o Tribunal de Contas, denunciava que os gestores das 26 empresas públicas do Governo Regional, receberem salários milionários.
Na Madeira, em 2005, a maioria das 35 empresas públicas do governo regional estavam falidas, mas os seus gestores entregavam-se a uma roubalheira generalizada. Dados actualizados não existem, para que não se saiba a dimensão desta desbunda própria de grandes marajás.
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Marajás da Assembleia da República O prestígio devido à chamada "casa da democracia" está pelas ruas da amargura. Os seus deputados de direita ou de esquerda provocam nojo aos cidadãos, nas palavras de um deputado do PSD (Pacheco Pereira, 2010). As mordomias e regalias dos políticos portugueses, como a acumulação de reformas vitalícias, são o exemplo mais completo do roubo institucionalizado.
As anedotas que se contam na rua ou circulam na internet sobre os deputados portugueses ilustram a imagem que o parlamento possui junto da população.
Um exemplo:
" Um homem ia a passar junto à porta do Plenário da Assembleia da República e ouve uma gritaria que saía lá de dentro.
"Filho da Puta, Ladrão, Salafrário, Assassino, Traficante, Mentiroso, Pedófilo, Vagabundo, Sem Vergonha, Trafulha, Preguiçoso de Merda, Vendido, Usurário, Foragido à Justiça, Oportunista, Engana Incautos, Assaltante do Povo..."
Assustado, o homem pergunta ao segurança, parado na porta:
"O que está a acontecer ai dentro? Estão a brigar ?!
"Não", responde o segurança. "Para mim estão a fazer a chamada para saber se falta alguém"!!! (Internet,11/2010)
Em fins de 2010, num inquérito feito à população portuguesa, cerca de 80% indicava a Assembleia da República e os juízes como os principais responsáveis do descalabro do país (4).
Como foi possível chegar-se a este ponto de descrédito? A resposta está nas leis que os deputados criarem para alimentarem os marajás de Portugal, incluindo eles próprios.
Marajás dos partidos de esquerda Partido Comunista Português. A democracia em Portugal possui singularidades que a distinguem de qualquer outra democracia no mundo. Desde 1976 que o orçamento de Estado mantém um partido político na Assembleia da República que se limita a criticar todos os governos, recusando qualquer entendimento parlamentar ou coligação governamental. É o puro "deita abaixo" !
Recusou desde então qualquer alteração à constituição aprovada nesse ano, e votou contra todos os programas e orçamentos de Estado. A sua única função é destruir toda e qualquer política governamental, denegrir a imagem de todos os membros dos restantes partidos com assento na Assembleia da República e fora dela, e sobretudo impedir qualquer alteração no país.
O discurso do PCP nestes anos resume-se ao seguinte: É preciso distribuir tudo o que Portugal possui ou pode obter através de empréstimos. Os únicos que devem ficar de fora da "boda aos pobres" são os banqueiros e os grandes capitalistas, para que no final possam "pagar a crise".
Financiados pelo Estado, os "mãos largas" e impolutos marajás do PCP, enquanto esperam por uma pensão do Estado, e se divertem no "bota abaixo" em manifestações de rua ou na Assembleia da República, tornaram-se objectivamente no mais consistente apoio do marajismo português, impedindo qualquer mudança política.
Partido Socialista. A galeria de marajás deste partido é verdadeiramente notável, havendo todavia épocas de maior produção do que outras.
António Guterres à frente do Governo (1995-2001) foi, por exemplo, um mãos largas na promoção do Marajismo. António Maria Carrilho ilustra perfeitamente esta situação. Este excelso filósofo, resolveu numa assentada duplicar os organismos com autonomia administrativa no Ministério da Cultura, fazendo disparar de tal formas os custos, que em 2001 teve que pedir a demissão porque já não tinha dinheiro para mandar cantar um cego. Como recompensa foi escolhido para candidato do PS à CML, tendo perdido as eleições, foi promovido a embaixador de Portugal na UNESCO. Foi recentemente corrido do lugar (2010), porque resolveu esquecer-se que estava naquele posto para defender os interesses de Portugal, e não o que lhe passava pela sua brilhante cabeça.
Bloco de Esquerda. De partido de causas passou a partido de fretes ao serviço da Direita. A esperança de muitos dos seus dirigentes é que algum marajá do PSD ou CDS-PP lhes arranjem uns tachos.
Para mostrar a sua vocação ainda incipiente de marajismo, em plena crise económica, aliando-se ao PCP e à Direita votou a favor do aumento do ordenado dos presidentes das juntas de Freguesia. O Governo (minoritário) opôs-se a esta medida, que acabou por ser aprovada.
Marajás dos Partidos de Direita PSD. Estamos perante um partido cuja ideologia é um misto de "pragmatismo", "demagogia" e "oportunismo político", cujo principal interesse para os seus militantes reside na possibilidade de virem a obter de cargos no Estado ou nas empresas públicas ou com capital público. Quando estes não existem, o partido cria-os. O PSD foi, por exemplo, o partido que maior número de empresas municipais criou.
Não admira que no PSD se encontrem os maiores marajás que Portugal produziu nas últimas décadas de regime democrático, e que levaram o país à bancarrota em 2011.
CDS-PP. No discurso político é só virtudes, mas os exemplos de rapina e esbanjamento do erário público são dados pelos seus líderes, os quais aparecem envolvidos em escabrosos negócios de Universidades privadas, compras de submarinos, herdades no Alentejo, etc.
Funcionários Especiais Candidatos a Marajás O Estado Português está repleto de grupo de funcionários que, com o apoio de políticos corruptos e incompetentes, conseguiram estatutos especiais. Alegando estarem ao serviço de instituições especiais, como a Assembleia da República, conseguiram regalias e mordomias que constituem um verdadeiro roubo aos contribuintes. Cada um destes funcionários, independentemente das suas funções, sente-se no direito a ter os mesmos privilégios que qualquer outro marajá que vive do que o Estado saca aos contribuintes.
Marajás dos Bancos Públicos
Banco de Portugal. O santuário dos marajás de Portugal. Em 2007 ficou-se a saber que os seus administradores não apenas fixavam os seus próprios ordenados, mas também todo o tipo de mordomias, nomeadamente avultadas reformas obtidas num curto espaço de tempo. Chegavam ao requinte de fazerem empréstimos a si próprios com o dinheiro do banco público, mas a taxas mais baixas do que as do mercado.
O seu presidente Vitor Constâncio, antigo líder do PS, em 2009, ganhava 5 (cinco) vezes mais do que o Presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos, Ben Bernanke. Em todo o mundo só os governadores do banco central de Hong Kong e do banco central de Itália eram mais bem pagos.
Caixa Geral de Depósitos. A Caixa, o principal banco de Portugal, tem sido objecto de um saque permanente por parte dos partidos políticos. Desde 1974 até 2010 deu guarida a 23 ministros ou secretários de Estado. A esmagadora maioria nunca esteve ligada ao sector bancário, o que não os impede de saltarem logo para o topo da hierarquia desta instituição para obterem chorudas reformas e vencimentos.
A ex-ministra da Justiça do Governo PSD-CDS, Celeste Cardona (2002-2004), num processo que chocou o país, entrou para administradora da Caixa poucos meses depois de sair do governo.
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Marajás das Forças Armadas Portugal ao longo de séculos sustentou sempre várias guerras, no continente e ilhas, mas também pelo mundo fora. Não admira durante este largo período, os oficiais das forças armadas tenha desfrutado de enormes privilégios. As guerras terminaram, em 1974, e desde então Portugal só participa em acções de paz no ambito da ONU.
Apesar disto, segundo a Stockolm International Peace Research Institut (www.sipri.org), Portugal, desde 1989, é o país com mais gastos militares em percentagem do PIB, no conjunto dos países europeus (UE-27, mais Islandia, Noruega e Suíça). É fácil perceber porquê. Um simples exemplo: só o Estado-Maior das Forças Armadas tem 75% de coronéis a mais (Out/2010). As mordomias dos oficiais em Portugal ultrapassam tudo o que é razoável, em qualquer democracia consolidada.
Marajás Moralistas No Governo, autarquias, empresas e bancos do Estado ou no Tribunal de Contas, deram exemplos de total esbanjamento de recursos públicos, próprios de grandes marajás. Acumulam reformas do Estado e outras mordomias, que o comum dos cidadãos está privado. Desfrutando de uma confortável situação económica, sustentada pelos contribuintes, estes marajás apelam agora à contenção das despesas públicas, à redução do consumo por parte da populaça. Estamos perante a mais tradicional das práticas dos marajás indianos, para quem a abastança faz parte da sua condição, e o Karma da miséria é inerente à populaça.
Cavaco Silva
Os portugueses nos discursos deste presidente, professor de Economia, habituaram-se a houver falar de contenção, combate ao desperdício, rigor das contas públicas, etc. A pratica deste marajá é outra.
Quando foi primeiro-ministro (1985-1995), não fez as reformas que a administração pública carecia, fazendo disparar o défice do Estado. Preparando o seu futuro como acumulador de reformas do Estado, em 1991, instituiu o subsídio de férias para os reformados ...
O BPN, um dos bancos ligados às fraudes que abalaram o mundo desde 2008, tinha como dirigentes vários ministros e secretários de estado de Cavaco Silva. Fosse por que motivos fossem, os seus investimentos neste banco renderam-lhe um lucro 140 por cento. Já depois de se ter descoberto as trafulhices deste banco, manteve no Conselho de Estado um dos responsáveis do BPN (Dias Loureiro).
As ligações de Cavaco Silva a este banco não terminaram nesta negociata entre amigos. Na Aldeia da Coelha, em Albufeira, escolheu para vizinhos Oliveira Costa e Fernando Fantasia, homens-fortes da SLN, a proprietária do BPN. Na génese deste loteamento estão empresas sediados em off-shores (paraísos fiscais). A escritura do lote do imóvel de luxo de Cavaco Silva, não se encontra no Registo Predial de Albufeira. Inquirido pela imprensa, Cavaco afirma não se recordar em que cartório a assinou. Um dos promotores da urbanização, velho amigo e colaborador de Cavaco, diz que a propriedade foi adquirida "através de um permuta com um construtor civil", sem acrescentar detalhes (Visão, Janeiro de 2011).
Desde que é presidente, as despesas da Presidência da República atingiram o valor mais alto de sempre. Cavaco Silva, no primeiro mandato na presidência, gastou mais 30% do que o seu antecessor. A RTP, em 2010, comparando o custo da Presidência Portuguesa com o da Casa Real de Espanha, concluiu que a corte republicana gasta mais do dobro do que a corte monárquica espanhola.
Padre Vitor Melicias
Este frade franciscano, conhecido pelo seus arrebatados apelos ao despojamento e à pobreza, como um típico marajá português, só de uma das suas reformas recebe 7.490 euros mensais...
Eduardo Catroga
O aguerrido coordenador do programa do PSD às eleições de Junho de 2011, que acusou tudo o todos de desperdício e ladroagem do erário público. O seu passado político é no mínimo tenebroso. Enquanto Ministro das Finanças de Cavaco Silva (Dez. de 1993 e Out.1995) deixou o país numa desgraça: contribuiu para a destruição do sector das pescas e da agricultura, aniquilou a Siderurgia Nacional. Aumentou o defice público e o desemprego. Quando abandonou o Estado, depois de ter penhorado as retretes do Estádio do F.C. do Porto, deixou o país numa recessão económica.
Com apenas 53 anos tratou logo de sacar uma reforma do Estado, a que se seguiram outras reformas, as quais atingem actualmente a quantia de 16.900 euros mensais.
Miguel Macedo
Dirigente do PSD que se destacou pelos seus ataques ao desperdício do erário público, durante o governo do PS. Quando foi nomeado ministro da defesa, tratou logo de acumular o vencimento de ministro com um subsídio de alojamento (1300 euros), sob o pretexto que não tinha uma residência permanente em Lisboa, mas a umas centenas de metros em Algés. (Out.2011). Para tornar mais ridicula esta argumentação, é preciso dizer que como ministro da defesa tem direito a uma residência oficial, com todas as despesas incluídas.
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Marajás Incorformados
Portugal está povoado de uma multidão de funcionários, empresários, artistas e todo o tipo de dependentes, que nunca fizeram nada de útil na vida que justificasse os ordenados, as pensões ou os subsídios que recebem do Estado português. Nada no país está à altura do seu refinado gosto, tudo é mesquinho e detestável. O seu ideal de vida era obterem da populaça uma boa fonte de rendimento, que lhes permitissem viver no estrangeiro, longe dos que os sustentam.
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Marajás Independentes A sociedade portuguesa foi criando ao longo dos tempos, uma série de instituições supostamente independentes do Estado. A sua função é vigiarem o Estado ou aplicarem a lei. Ciosos da sua independência face ao poder político, muitas dos que polulam nestas instituições afirmam-se acima dos problemas comezinhos com que se debate a população portuguesa, vivendo num total desvario próprio de grandes marajás.
Anacom- Autoridade Reguladora da Comunicação Social. O seu ilustre presidente- Amado da Silva ( 224.000 Euros de vencimento), depois de ter dirigido ao gabinete de Sócrates, deu largas nesta instituição pública à sua veia festiva. A ANACOM só nas comemorações do seu 20º aniversário gastou a módica quantia 150 mil euros (2010). Em Novembro de 2009, só em em brindes personalizados derreteu mais 31 mil euros, e um mês depois mais 30 mil euros numa festa natalícia. O somatório destas festanças é de tal forma exorbitante, que não foi revelando para não fazer inveja a outros marajás.
ERSE, Entidade Reguladora da Energia, Vítor Santos , 233.857 euros de vencimento, mais mordomias. O caso mais interessante desta Instituição está no facto dos seus presidentes, quando pedem a demissão do cargo têm direito a dois anos de vencimento (2010). Um esquema de verdadeiros marajás: Despedem-se mas ficam a ganhar.
ISP- Instituto dos Seguros de Portugal: Fernando Nogueira: 247.938 euros de vencimento, mais mordomias..
CMVM: Carlos Tavares: 245.552 euros de vencimento, mais mordomias.
Marajás de Institutos Públicos Os institutos públicos e organismos públicos equiparados funcionam como territórios privativos de marajás em ascensão ou em repouso forçado. Encontram-se espalhados por todos os sectores da administração pública, muitas vezes onde menos se espera.
No falido Serviço Nacional de Saúde, o Tribunal de Contas descobriu, em 2010, um destes territórios privativos: o "Serviço de Utilização Comum dos Hospitais" (SUCH): Administradores e funcionários atribuíam-se a si próprios prémios por objectivos não atingidos. Entre 2006 e 2008 as remunerações dos dirigentes cresceram 50%. Os prejuízos do SUCH, como é habitual nestes casos, nunca pararam de crescer.
Marajás de Fundações Públicas As fundações são instituições vocacionadas para a perpetuação de uma memória, a troco de um qualquer beneficio para a população. Em Portugal as fundações, em particular as criadas pelo Estado são instituições para marajás. O importante deixa de ser a suposta função para que foram criadas, para ser a vida dos seus presidentes e das suas cortes privativas.
Guimarães capital da Cultura 2012. Era suposto que um evento desta natureza, devia ser confiado a uma equipa de pessoas competentes, capazes de o aproveitarem para projectarem a cidade e a região a nível internacional. Puro engano. Em Guimarães tratou-se desde logo de criar uma Fundação, cuja presidente (Cristina Azevedo) e dois vogais executivos, não tardaram a projectarem-se a si próprios, nomeadamente pelos vencimentos que passaram a auferir, que variam entre os 14.300 e os 12.500 euros/mês, com direito a carros, telemóveis, senhas de presença nas reuniões (entre 300 e 500 euros), etc, etc. (3).
Como se tudo isto não bastasse, esta Fundação tem um vasto Conselho de Administração povoado de pequenos e grandes marajás, entre os quais se destacam: Jorge Sampaio, João B. Serra, Adriano Moreira, Diogo Freitas do Amaral, Eduardo Lourenço e Manuel Alves Monteiro. As suas remunerações variam entre os 14.300 euros e os 2.000, para além de receberem senhas de presença (500/300 euros), carro, telemóvel, etc. A Fundação só será extinta em 2020, de modo a continuar a alimentar por muitos anos uma vasta corte de marajás.
A Câmara Municipal de Guimarães e o Ministério da Cultura, povoados de marajás alimentam esta situação, num distrito com uma das mais elevadas taxas de desemprego de Portugal.
Seguindo uma habito típico dos grandes marajás, em Guimarães passaram a multiplicarem-se as encomendas de eventos (espectáculos, exposições, recepções e outras diversões) para gozo exclusivo da presidência da Fundação e da sua corte de dependentes. Nada aliás que já não tivesse acontecido em Lisboa Capital da Cultura (1974), Coimbra Capital Nacional da Cultura ou mesmo no Porto. Guimarães é hoje a mais celebrada Capital dos Marajás de Portugal.
Enquanto tudo isto acontece, Portugal em fins de 2010, aproximava-se alegremente da falência, carecendo de enormes ajudas internacionais para poder pagar as suas dívidas.

domingo, julho 15, 2012

Voltar à Escola?

Foi assim. Às 10 horas, chegaram os primeiros romeiros. Depois foram ganhando coragem e procuraram, no meio daquelas árvores e suas benéficas sombras, recordações de um passado agradável que, não voltará. Mas que conforta reviver. A prof. Maria da Fé e uma das queridas funcionárias estavam para nos dar as boas vindas. Risadas, abraços e, vejam lá! até lágrimas... Toda a Escola e muitas fotos ao nosso dispor para recordar, recordar. Fotos que hão de merecer uma escolha especial para esta página, talvez lá para Setembro. Não vai ser fácil, pois são às centenas.
Alguns e algumas vieram com os filhos e filhas. Delicadeza da Gente da Escola: sumo para as Crianças e moscatel para para os adultos, que até podiam optar. Os Adultos, claro. Custou a "descolar" quando a hora do almoço já "dava horas" na barriga. Fotos e mais fotos. Para mim, para ti, para ele, para ela.
Lá no Mirante o acolhimento foi digno. Qualidade e fartura, num rodízio de peixe grelhado no carvão. Saladas e complementos a condizer. Obrigado, D. Adelaide! Falar e comer; comer e falar. Reapertar laços que já foram nós bem dados. E criar novos laços. Gente das três últimas décadas do século passado, dois ainda dos pavilhões iniciais, cá ao fundo, década de 70, o Luís Gabriel e o João Baptista - também este a fazer de anfitrião, porque o Prof. Maria da Fé tinha de ir cuidar dos Pais lá no seu Alentejo - passando pela explosiva década de 80 e lá chegámos aos representantes da década de 90, dos quais destaco um outro João, o Santos, o fundador desta página, portanto, um dos "culpados" de este dia ter sido vivido desta maneira.Agradeço-vos, João e João.
Já o almoço estava bem encaminhado e o lindo filho da Viviane "Mamã, depois voltamos para a tua Escola..." O Diogo sentiu o que todos lá experimentamos: quem vai àquela Escola fica "apaixonado".
O sol, na tarde, começa a amolecer. Contas feitas, fotos e fotos na escada, com risadas e brincadeiras e algumas piadas para os meus ouvidos "surdos". Sim, a Maria das Dores foi muito lembrada. Mas não a quis convidar, pronto. Ainda mais uma fotografia com estes e com aquelas! Beijos, abraços, despedidas de "para o ano há mais", troca de números e endereços e promessas. Algumas havemos de cumprir!
Para a Historia deste 1º. Encontro de Saudades, os nome dos presentes no almoço:
O António Serrano e seus dois lindos Filhos, Luís e João; o Zé, a Mónica e seus dois lindos filhos; o Rogério, a Esmeralda e seus dois lindos Filhos; as queridas irmãs, Júlia e Liliana; a Tânia Santos, a Sónia Oliveira e o Humberto; o João Baptista, decano dos alunos desta Escola; a Susana Vítor com os queridos Pais e o lindo Filho; a Sílvia, o Esposo e a linda Patrícia; a Viviane e o seu lindo Diogo; a Susana Vilhena e o seu lindo Menino; o João dos Santos, o João Carromeu e o Fábio.
Ainda na Escola pudemos rever o João Pedro Vieira e a linda Filha; a Cláudia; o Luís Batista e a sua linda Menina; a Xana, o Mário e a sua linda Rafaela.
 
Foi pouco?! Foi muito?! Ah! Foi bom! Bem hajam, TODOS!
Notas:
1. Fotos da 1ª. turma que leccionei na Escola do bairro da Azeda, em Setúbal, em 1977/78.
2. Foto da última turma que leccionei na escola do bairro da Azeda, em      Setúbal, quadriénio de 1986/90.
3. Uma Escola de paixão. Só pode entender quem lá entrou, lá viveu e conheceu aquela GENTE!!!


Para onde vais, Língua Portuguesa?!

Por Teolinda Gersão
Tempo de exames no secundário, os meus netos pedem-me ajuda para estudar português. Divertimo-nos imenso, confesso. E eu acabei por escrever a redacção que eles gostariam de escrever. As palavras são minhas, mas as ideias são todas deles.
Aqui ficam, e espero que vocês também se divirtam. E depois de rirmos...
espero que nós, adultos, façamos alguma coisa para libertar as crianças disto.

Redacção – Declaração de Amor à Língua Portuguesa
Vou chumbar a Língua Portuguesa, quase toda a turma vai chumbar, mas a gente está tão farta que já nem se importa. As aulas de português são um massacre. A professora? Coitada, até é simpática, o que a mandam ensinar é que não se aguenta. Por exemplo, isto: No ano passado, quando se dizia “ele está em casa”, ”em casa” era o complemento circunstancial de lugar. Agora é o predicativo do sujeito. ”O Quim está na retrete” : “na retrete” é o predicativo do sujeito, tal e qual como se disséssemos “ela é bonita”. Bonita é uma característica dela, mas “na retrete” é característica dele? Meu Deus, a setôra também acha que não, mas passou a predicativo do sujeito, e agora o Quim que se dane, com a retrete colada ao rabo.
No ano passado, havia complementos circunstanciais de tempo, modo, lugar, etc., conforme se precisava. Mas agora desapareceram e só há o desgraçado de um “complemento oblíquo”. Julgávamos que era o simplex a funcionar: Pronto, é tudo “complemento oblíquo”, já está. Simples, não é? Mas qual, não há simplex nenhum, o que há é um complicómetro a complicar tudo de uma ponta a outra: há por exemplo verbos transitivos directos e indirectos, ou directos e indirectos ao mesmo tempo, há verbos de estado e verbos de evento, e os verbos de evento podem ser instantâneos ou prolongados, almoçar por exemplo é um verbo de evento prolongado (um bom almoço deve ter aperitivos, vários pratos e muitas sobremesas). E há verbos epistémicos, perceptivos, psicológicos e outros, há o tema e o rema, e deve haver coerência e relevância do tema com o rema; há o determinante e o modificador, o determinante possessivo pode ocorrer no modificador apositivo e as locuções coordenativas podem ocorrer em locuções contínuas correlativas. Estão a ver? E isto é só o princípio. Se eu disser: Algumas árvores secaram, ”algumas” é um quantificativo existencial, e a progressão temática de um texto pode ocorrer pela conversão do rema em tema do enunciado seguinte e assim sucessivamente.
No ano passado, se disséssemos “O Zé não foi ao Porto”, era uma frase declarativa negativa. Agora a predicação apresenta um elemento de polaridade, e o enunciado é de polaridade negativa.
No ano passado, se disséssemos “A rapariga entrou em casa. Abriu a janela”, o sujeito de “abriu a janela” era ela, subentendido. Agora o sujeito é nulo. Porquê, se sabemos que continua a ser ela? Que aconteceu à pobre da rapariga? Evaporou-se no espaço?
A professora também anda aflita. Pelo vistos no ano passado ensinou coisas erradas, mas não foi culpa dela se agora mudaram tudo, embora a autora da gramática deste ano seja a mesma que fez a gramática do ano passado. Mas quem faz as gramáticas pode dizer ou desdizer o que quiser, quem chumba nos exames somos nós. É uma chatice. Ainda só estou no sétimo ano, sou bom aluno em tudo excepto em português, que odeio, vou ser cientista e astronauta, e tenho de gramar até ao 12º estas coisas que me recuso a aprender, porque as acho demasiado parvas. Por exemplo, o que acham de adjectivalização deverbal e deadjectival, pronomes com valor anafórico, catafórico ou deítico, classes e subclasses do modificador, signo linguístico, hiperonímia, hiponímia, holonímia, meronímia, modalidade epistémica, apreciativa e deôntica, discurso e interdiscurso, texto, contexto, intertexto, hipotexto, metatatexto, prototexto, macroestruturas e microestruturas textuais, implicação e implicaturas conversacionais? Pois vou ter de decorar um dicionário inteirinho de palavrões assim. Palavrões por palavrões, eu sei dos bons, dos que ajudam a cuspir a raiva. Mas estes palavrões só são para esquecer.

  Mas eu estou farto. Farto até de dar erros, porque me põem na frente frases cheias deles, excepto uma, para eu escolher a que está certa. Mesmo sem querer, às vezes memorizo com os olhos o que está errado, por exemplo: haviam duas flores no jardim. Ou: a gente vamos à rua. Puseram-me erros desses na frente tantas vezes que já quase me parecem certos. Deve ser por isso que os ministros também os dizem na televisão. E também já não suporto respostas de cruzinhas, parece o totoloto. Embora, às vezes, até se acerte ao calhas. Livros não se lê nenhum, só nos dão notícias de jornais e reportagens, ou pedaços de novelas. Estou careca de saber o que é o lead, parem de nos chatear. Nascemos curiosos e inteligentes, mas conseguem pôr-nos a detestar ler, detestar livros, detestar tudo. As redacções também são sempre sobre temas chatos, com um certo formato e um número certo de palavras. Só agora é que estou a escrever o que me apetece, porque já sei que de qualquer maneira vou ter zero.
E pronto, que se lixe, acabei a redacção - agora parece que se escreve redação. O meu pai diz que é um disparate, e que o Brasil não tem culpa nenhuma, não nos quer impôr a sua norma nem tem sentimentos de superioridade em relação a nós, só porque é grande e nós somos pequenos. A culpa é toda nossa, diz o meu pai, somos muito burros e julgamos que se escrevermos ação e redação nos tornamos logo do tamanho do Brasil, como se nos puséssemos em cima de sapatos altos. Mas, como os sapatos não são nossos nem nos servem, andamos por aí aos trambolhões, a entortar os pés e a manquejar. E é bem feita, para não sermos burros.
E agora é mesmo o fim. Vou deitar a gramática na retrete, e quando a setôra me perguntar: Ó João, onde está a tua gramática? Respondo: Está nula e subentendida na retrete, setôra, enfiei-a no predicativo do sujeito.
João Abelhudo, 8º ano, turma C (c de c…r…o, setôra, sem ofensa para si, que até é simpática).