terça-feira, junho 14, 2016

Cenas da Vida Militar 3

Maçaricos
Depois das emoções do desembarque, ao largo, e transportados em lanchas, a noite fora curta e mal dormida, nas excelentes instalações para os Sargentos solteiros do CTI de S. Tomé e Príncipe.
O Sol nasceu pelas 5 horas e a faina diária começava, às 7 horas, no quartel ali mesmo ao lado. Apresentar-se com as guias de marcha era um pró-forma a que nenhum militar podia furtar-se. Bem barbeado e penteado, vestidinho de novo – as fardas verdes ainda eram novidade nas Colónias…- servido o pequeno almoço com meia dúzia de bananas – foi assim durante semanas – eu e o Joaquim Caria, ambos no Serviço de Segurança e Informação do Exército, alegres e curiosos , entrámos na vasta parada do Quartel do Morro. Íamos tão satisfeitos ou distraídos com tudo o que nos saltava à vista, mesmo ainda indisciplinados com os 10 dias a bordo do N/M Niassa,  que só “aterrámos” quando, a dado momento, alguém nos gritou :
- Ó nossos Furriéis, venham cá”!
Voltámo-nos e demos de caras com o olhar zangado de um Capitão, a quem nos dirigimos, de pronto.
Com a continência o mais aprumada possível de quem cumprira a recruta uns meses atrás, saudámos o oficial
- Bom dia, meu Capitão!
Retribuindo a saudação, continuou:
- Bom dia. Maçaricos, hein?!  A pensar que isto é tudo vosso… Podem seguir… E que não torne a acontecer.
Já menos entusiasmados, seguimos para o que havia de ser o nosso local de trabalho, até quinze de Junho de 1968.
- Quem era o Capitão, assim, assim…?
- Ui!!! O Capitão Luz de Almeida… Não deixa passar uma. E logo em frente à “casa” dele, a CAÇ7 de que é o comandante?!
O Destino fora-nos grato. Noutras partes de África, companheiros e amigos nossos lutavam para sobreviverem e os Capitães não estariam, assim, tão interessados no ”bater da pala”…

 

 

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